Quando um “eu te amo” se torna um muro?
- Paula Coury
- 13 de jul. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de jul. de 2022

O painel na foto é o muro dos “Eu te amo”, de Frédéric Baron, que registrou os diversos jeitos de se dizer EU TE AMO ao redor do mundo. Talvez a intenção do artista fosse homenagear esse sentimento que tanto nos toca e nos move… mas algo me chamou atenção: quando é que um "eu te amo" se torna um MURO?
Amor é afeição, conexão… deveria ser ponte, não muro. O que faz, então, com que esse sentimento, ao invés de nos aproximar, nos distancie da pessoa que supostamente amamos?
Em A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera dá uma pista: “Se somos incapazes de amar, talvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reivindicações, desejando sua simples presença”.
Amamos de forma imatura quando desejamos amor de volta, pois o foco deixa de ser aceitar a pessoa como ela é, passando a ser convencê-la a nos dar o que queremos (“o amor”), submetendo-se à nossa vontade.
Projetamos nossas expectativas no outro, queremos mudá-lo e confundimos isso com amor… Mas amor a gente sente por quem a pessoa é, não por quem gostaríamos que ela fosse. O nome disso é projeção.
Na terapia, trabalhamos para resgatar e integrar cada parte nossa projetada fora. Assim, nos tornamos mais inteiros e caminhamos em direção a uma forma mais madura de amar.
Não é um caminho fácil, pois, “antes que você possa realmente aprender a amar os outros, terá que aprender a gostar deles e respeitá-los mesmo que você não consiga o que deseja” (PW 72).
O desafio inicial é “permitir que as outras pessoas sintam por você o que desejarem” (PW 72). Difícil, né?!
Porém, ou trabalhamos para desenvolver essa maturidade, ou estaremos sempre em risco de transformar nossos “eu te amo” em muros, afastando-nos daqueles que mais queremos bem! 🥰
Comments